O pesquisador Professor Dr. João Vasconcelos, em seu Livro a
História do Racionalismo Cristão em São Vicente de 2011 sugeriu:
“Há
quem diga, mas isto não é garantido, que Augusto Messias de Burgos levou para
Santos o espírito do seu conterrâneo Custódio Duarte,”... [1]
Para
aferição desta citação, destacamos que tanto o Dr. Custódio José Duarte como o
senhor Augusto Messias de Burgos, são figuras carismáticas e como tal deixam
muitos rastros, então, após buscas centenárias, as informações encontradas são
agradáveis coincidências, e ao percebê-las, é como se fossem os primeiros
momentos que antecedem um grande espetáculo musical, primeiro a chegada e
inspeção dos instrumentos, após segue-se a afinação de cada instrumento, por
fim uma grande sinfonia.
Ainda
no mesmo livro, o Dr. João Vasconcelos, afirma;
“...outros médicos metropolitanos que se crioulizaram
também por via das mulheres que arranjaram na ilha vieram a tornarem-se
igualmente queridos do povo e espíritos
de luz com presença regular nas sessões espíritas em São Vicente.”[1]
Dando-nos
evidências cristalinas que aqui, é o ponto de conexão entre os nossos Dr.
Custódio José Duarte e o médium Senhor Augusto Messias de Burgos, onde ambos
vivenciaram toda a experiência da espiritualidade que iriam alavancar em
perfeita cumplicidade e sintonia.
Vejamos,
o Dr. Custódio José Duarte nasceu em Vila Real de Trás-os-Montes, a 16 de junho
de 1841, formou-se em medicina na Escola Médico-Cirúrgica do Porto, defendeu
sua tese em 1865, sobre “Responsabilidade médico-cirúrgica”, em seguida,
entre 1865 – 1866 viajou para Cabo Verde, onde rapidamente, como médico
tornou-se uma figura proeminente, local que se dedicou pelo resto de sua vida, e
desencarnando em Mindelo, Ilha de S. Vicente no dia 19 de setembro de 1893. [2]
A
estratégica coincidência do Dr. Custódio José Duarte, ao iniciar
sua carreira profissional entre 1865 – 1866, na deslocada e bucólica Cidade de
Mindelo, sem luz, sem água corrente, e, talvez o único médico local, pode-se dizer que dentro
da ideia original do Padre Antônio Vieira, de que nada mais poderia sair
errado, nos leva a pressupor que tanto o Senhor Augusto Messias de Burgos, em
seus primeiros momentos de vida, em 12-07-1868, como sua mãe, a senhora Isabel
Messias de Burgos, mesmo havendo controvérsias sobre o local de nascimento e
onde passou sua juventude, Ilha de São Vicente, Ilha Brava ou na Ilha de
Santiago [3], mesmo assim apesar do médico Dr. Custódio José
Duarte, ter como base a Ilha de São Vicente, provavelmente tinha como sua
tarefa dar assistência nas demais ilhas, e isto o coloca de frente com um
possível encontro com a família Burgos. Da mesma forma, pela comparação de
datas, também podemos pressupor que a esposa do senhor Burgos, a senhora Rita
de Cássia que nasceu em 22-05-1872, filha de Mateus Adrião Fortes e de Geralda
Fortes, possivelmente também tenha sido assistida pelo Dr. José Custódio
Duarte.
Na
mesma sequência de raciocínio, também não se pode ignorar o Cônego António
Manuel da Costa Teixeira que nasceu em 1865, na Ilha de Santo Antão e o senhor
Henrique Baptista Morazzo, que nasceu em 06/11/1885, na Ilha de São Vicente.
Enfim,
se desconhece as verdadeiras razões materiais que levaram o senhor Burgos a
migrar ao Brasil no inicio do século XX, mas o real motivo de foro intimo, de
haver mergulhado com determinação na espiritualidade, sabia perfeitamente o que
estava fazendo. Com certeza sabe-se apenas, que em sua humilde casa, foi médium
de confiança de grandes espíritos, entre eles do Padre Antônio Vieira, e em
obediência ao guia espiritual Dr. Custódio José Duarte, além de muitas curas,
amenizou as dores e sofrimentos de muitos.
Assim,
embasado na ideia original do Padre Vieira, entre as pessoas beneficiadas
pode-se citar ao senhor Luiz de Mattos curado de tuberculose, [4] e
ao senhor Luiz Alves Thomaz de suas chagas. [5]
Ainda
dentro dessa mesma premissa original do Padre Antônio Vieira, de que nada mais
poderia falhar, logo, se pode refletir;
O
surpreendente ato de descrever sobre os caminhos desses entes que se atraem entre
si, tanto o Dr. Custódio como o senhor Burgos, o fato de deslocarem-se de seu
torrão natal, e na sequência dos fatos, num outro país, num pequeno e humilde Centro
Espírita, juntam-se com outros tão formosos seres num resplandecer de luz intensa: Antônio Vieira,
Custódio José Duarte, Antônio Pinheiro Guedes, Luiz José de Mattos, Luiz Alves
Thomaz e Augusto Messias de Burgos, dando-nos somente um caminho, de que o amor
e a vontade perante a lei de atração nunca falham, dessa forma, nada mais poderia
sair errado na implantação da luz da verdade espiritualizadora para enfrentar
as trevas em que permanece a humanidade.
Ainda
vale lembrar, que de acordo com o Site Hemero Teca Digital - Revista A
Renascença, o autor Alexandre da Conceição dizia; “Em Custódio José Duarte há, porém, uma cousa superior ao seu talento
poético: é a sua grandeza moral, é a sua austeridade intransigente do seu
caráter, é a elevação daquela alma inesgotável em dedicações”. Em vista
disso nota-se ser um espírito de extrema sensibilidade e amor ao próximo.
Esse
elo entre Dr. Custódio José Duarte e Augusto Messias de Burgos continuou após
1912, quando do afastamento do senhor Burgos do Centro Espírita que iniciou em
sua casa na Avenida Rangel Pestana 79, que de acordo com “a família Burgos, relembram de que a senhora Rita de Cássia Burgos,
esposa do senhor Burgos, sempre ensinou os filhos e netas que em horas de
dificuldades deveriam “orar” ao espírito do Dr. Custódio José Duarte”, mas
não parou por ai, mesmo assim depois de mudarem o local de residência para a
Avenida Carvalho de Mendonça no bairro do Marapé, o senhor Burgos continuou com
as suas atividades Kardecistas, e, ainda era comum o senhor Burgos atender
pacientes indicados pelos próprios médicos, como desenganados e que não viam
melhoras na medicina convencional da época, assim através de orações dedicadas
ao Dr. Custódio José Duarte, portanto sob orientações Kardecistas, o senhor
Burgos curava a esses enfermos de tuberculose, dando-nos a certeza de que o elo
Dr. Custódio e o senhor Augusto Messias de Burgos é muito mais forte do que se
possa crer. Também podemos contemporizar que, esses dois espíritos têm acessos aos
mundos fluídicos, tanto de Kardecistas como da Filosofia Espiritualista do
Racionalismo Cristão, nos dando a sensação de que esses mundos fluídicos estão
interligados, apenas aguardando pelo momento de concórdia para serem
reunificados.
Por Wilson Candeias
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1 Livro História do Racionalismo Cristão em São Vicente. Por Prof. João Vasconcelos - Universidade de Lisboa – 1911 – ou na Tese de doutorado do Professor João Vasconcelos: Espíritos Atlânticos: Um Espiritismo Luso-Brasileiro em Cabo Verde — III – A encarnação do espiritismo em São Vicente entre 1911 e 1931
2 Site Hemero Teca Digital - Revista A Renascença
3 António Baptista Pina Tavares
2 Site Hemero Teca Digital - Revista A Renascença
3 António Baptista Pina Tavares
4 Livro não publicado “A Vida e a Luta de Luiz de Mattos”, 1992, de Fernando Faria
5 Livro Como e por que se tornou Racionalista de Bernardo Scheinkman